Notícia
'Porungo'' de Angatuba, ouro no Mundial do Queijo, vendido à moda antiga
Publicado em 22 de Janeiro de 2025 14:29
O queijo porungo de Angatuba (SP) produzido pela Família Nanico há mais de 50 anos, feito artesanalmente com massa filada de leite de vaca cru, conseguiu um feito: ganhou a medalha de ouro no Mundial de Queijo do Brasil 2024. Mas na contramão do mercado, a premiação não mudou a forma de produção, que continua totalmente manual, familiar e pequena, nem foi justificativa para elevar o preço do queijo. E somente quem já era “freguês antigo” ou tem a sorte de encontrar uma peça no mercadinho da cidade, que há tempos já era posto de revenda, degusta essa delícia derivada do leite, que é uma tradição da região sudoeste do Estado de São Paulo.
“Eu não imaginava que o nosso queijo de família ganharia esse prêmio. Foi uma surpresa que trouxe reconhecimento de que fazemos um produto de qualidade. É um sentimento muito bom e queremos que esse prêmio sirva de inspiração para outras famílias de pequenos produtores continuarem em suas terras produzindo alimentos. Nosso objetivo não é fazer mais e mais queijos para ganhar mais e mais dinheiro. Mas é ensinar a técnica do nosso queijo a produtores de leite interessados e tornar a região sudoeste de São Paulo reconhecida”, resume Jolice Antunes de Toledo Cardoso, que está à frente da produção no Sítio Rainha da Paz ao lado do marido Adnilson Lucio Cardoso e do filho Denner Henriq Cardoso.
A Família Nanico teria condições para ampliar significativamente a produção. “Graças às melhorias implantadas pelo pessoal da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) na nossa propriedade, a produção de leite aumentou bastante”, conta.
A premiação do porungo Família Nanico em muito se deve ao trabalho dos assistentes agropecuários da CATI Regional de Itapetininga, que em 2023 começaram o acompanhamento da propriedade dentro do projeto que visa a viabilidade econômica da atividade leiteira em pequenas propriedades.
“Começamos pela coleta e análises de solo da propriedade, seguindo para a recuperação de um pasto rotacionado de capim mombaça e a recomendação de plantio e adubação do milho para ensilagem. São ações para produzir alimentos de qualidade para o rebanho durante todo o ano”, conta a zootecnista e assistente agropecuária Ana Paula Roque, da CATI de Itapetininga.
Ao reconhecer a qualidade do queijo porungo, Ana Paula, que também é Líder do Grupo Técnico de Pecuária Leiteira da CATI no Estado de São Paulo, incentivou Jolice a participar do campeonato. Concorrendo com mais de 2.000 queijos, do Brasil e de outros países, o porungo Família Nanico levou a medalha de ouro. Como ninguém da família de Jolice pode estar presente ao evento, foi Ana Paula a representante do queijo no concurso.